Quando a realidade parece ficção é hora de fazer documentário!

Vicente de Paulo

VICENTE DE PAULO MISSIONÁRIO DOS POBRES

Esta reflexão é um convite para conhecer a vida e a ação deste santo chamado Vicente de Paulo. Os Santos como disse o Papa João Paulo II, não passam.
Vicente continua atual e desafiador. Vejamos um pouco de sua caminhada. Vicente de Paulo nasceu aos 24 de abril de 1581, na aldeia de Pouy, Dax, sul da França.
Seus pais eram pequenos proprietários rurais. Vicente era o terceiro de 6 filhos. Até os 14 anos trabalhou na terra de seu pai e foi pastor de ovelhas… Recebeu uma sólida formação cristã e o carinho de seus pais João de Paulo e Bertranda de Moras. Como era muito inteligente, seu pai resolveu fazê-lo estudar.
Um dia seu pai quis fazer uma visita. Vicente, porém, se negou a recebê-lo. Tinha vergonha de seu pai por ser um simples lavrador, mal vestido e um pouco manco.
Seu pai, no entanto, acreditou nele e vendeu uma junta de bois para que ele pudesse continuar seus estudos de teologia em vista do sacerdócio.
Vicente ambicioso procurou abrir o caminho de sua vida, ordenando-se padre aos 19 anos de idade (23 de setembro de 1600), estava fechado em si mesmo e vivia ainda o primeiro projeto de sua vida: busca de uma vida fácil no meio de ricos e poderosos.
No entanto, Deus agiu em sua vida e o transformou. Vários acontecimentos abriram os olhos de Vicente para o mundo dos Pobres. Vicente amadureceu e descobriu o verdadeiro sentido de seu sacerdócio. Iniciando assim o seu segundo projeto, a partir de duas grandes experiências:
- Em Folleville (uma vila ao norte de França), descobriu a miséria espiritual provocada pela ausência e abandono da evangelização no mundo rural;
- Em Châtillon-les-Dombes (cidade onde era pároco), percebeu que o povo pobre morria de fome e estava desorganizado.
Sua conversão aconteceu a partir do grito vindo da realidade de sofrimento daquela época. O contato com o povo abandonado levou Vicente a entender a vontade do Pai a seu respeito: colocar-se ao lado dos mais Pobres, anunciando-lhes a proximidade do Reino e resgatando a dignidade de suas vidas.
Vicente indignou-se contra aquela sociedade desigual e cheia de egoísmo que produzia milhares de Pobres e marginalizados. As guerras, pestes e fome, tão comuns na época eram conseqüências de um poder concentrador de riquezas. Vicente gastou o melhor de sua vida trabalhando com o povo sofrido.
Multiplicou sua ação fundando várias instituições a serviço dos Pobres:
- A Confraria da Caridade, em 1617 (hoje Associação Internacional de Caridades - AIC), organizou a Caridade com um grupo de mulheres leigas (começou com 8 mulheres) que iam visitar os Pobres doentes em suas próprias casas. Para Vicente a Caridade não se improvisa, é uma arte;
- A Congregação da Missão, em 1625. A Igreja no tempo de Vicente, pouco se incomodava com os Pobres e tinha abandonado os camponeses. Vicente profundamente tocado por esta situação, fundou esta comunidade de padres e irmãos com a finalidade de evangelizar os Pobres;
- A Companhia das Filhas da Caridade, em 1633. Luísa de Marillac, junto com Vicente, será a fundadora desta comunidade tão inovadora para a época, mulheres consagradas à Caridade no mundo, servindo os Pobres nas ruas e nas suas casas.
Com seu amor inventivo ao infinito, foi em busca dos excluídos; sendo eles Pobres, camponeses, escravos, presos, crianças e jovens abandonados, doentes, mendigos, famintos, refugiados de guerra e idosos.
Formou uma grande rede de solidariedade à serviço do povo mais abandonado. Além disso, fundou os primeiros seminários da França, organizou os retiros para os candidatos ao sacerdócio e a formação permanente do clero, através das conferências das terças-feiras.
Lutou pela paz e pela dignidade dos Pobres no "Conselho de Consciência" (uma espécie de ministério de assuntos religiosos).
Com seu grupo de missionários, tornou-se um fermento no meio do povo e ajudou a Igreja da França a recuperar a sua verdadeira vocação. Padres, irmãs e leigos seguindo o ideal de Vicente, tornaram-se pioneiros de uma nova forma de evangelização dos Pobres: as "Missões Populares".
Quase no fim da vida, Vicente lança um olhar mais longe, enviando os seus padres e irmãs à outros países como Itália, Argélia, Tunísia, Irlanda, Polônia e Madagascar. São os missionários "além fronteiras". Esses missionários irão trabalhar com os mais Pobres, estando dispostos até a morrer nestas terras.
Vicente mesmo está pronto para dar o exemplo: "Eu mesmo, embora velho e idoso como sou, não devo deixar de ter esta disposição em mim, até mesmo de ir às Índias, a fim de ganhar aí almas para Deus, ainda que devesse morrer no caminho ou no navio".
Vicente foi um santo profundamente humano e original em sua ação e espiritualidade. Descobriu Cristo sofredor no rosto dos Pobres e soube unir forças para promover libertação.
Dizia "devemos amar a Deus meus irmãos, com a força dos nossos braços e com o suor de nosso rosto". O amor de Vicente, nascido da Fé e iluminado pelo Espírito Santo, concretizou-se no Pobre. Foi o pioneiro da justiça social e dos Direitos Humanos.
A vida de Vicente é um convite para irmos ao encontro dos Pobres e com eles construir uma nova sociedade. Não é um santo para ser admirado, mas para ser seguido, sobretudo no seu jeito humano de viver o evangelho.
Dom Hélder Câmara disse certa vez: "Se São Vicente de Paulo vivesse hoje, ele denunciaria as injustiças, fossem quais fossem as suas conseqüências".
Vicente de Paulo morreu em Paris - França, no dia 27 de setembro de 1660, aos 79 anos de idade. Foi declarado santo em 16 de junho de 1737. Sua festa litúrgica é comemorada no dia 27 de setembro.
Eugênio Wisniewski - padre da Missão

Nenhum comentário: