Quando a realidade parece ficção é hora de fazer documentário!

FV - Ramos: 11 Fráters de Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia

CONGREGAÇÃO DOS FRÁTERES DE NOSSA SENHORA, MÃE DA MISERICÓRDIA

1. Fundação e finalidade da Congregação

A Congregação dos Fráteres de Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia, foi fundada a 25 de agosto de 1844, em Tilburg, na Holanda, por Dom Joannes Zwijsen.

Desde os primórdios do Instituto, a inspiração vicentina é inegável. O Fundador quis expressamente que o espírito de São Vicente de Paulo estivesse bem presente nas Congregações por ele iniciadas, como mostra a sua correspondência em torno dos mais antigos Estatutos.

Na Primeira Regra, escrita em 1838, para o grupo feminino de sua Fundação, as Irmãs da Caridade de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, após ter falado sobre a finalidade do Instituto, ele descreve o espírito da nova fundação, assim: “A fim de atingir este objetivo, é absolutamente necessário que o espírito, as diretrizes, as lições e os costumes do mundo sejam banidos da Congregação e que nela reine o espírito do Senhor, animando-a totalmente, ou seja: humildade, simplicidade, submissão, mortificação, mansidão, castidade, pobreza, caridade para com todas as pessoas. Caridade em relação àqueles que são doentes de alma ou corpo sofrem e passam necessidades”.
É interessante notar que o primeiro documento impresso da Congregação dos Fráteres foram as “Regras Especiais” (Dom Joannes Zwijsen escreveu o livro das “Regras Especiais” no ano de 1857), nas quais aparecem claramente os elementos essenciais do espírito vicentino.
No artigo 3º das Constituições de 1861, o Fundador dá a seguinte formulação do “espírito que os membros da Congregação devem cultivar: caridade, humildade e simplicidade”.
Nas Constituições revistas em 1927, lê-se, no artigo 3º: “O Espírito da Congregação é um espírito de simplicidade, submissão, caridade e mortificação”. Nesta passagem, a descrição do espírito refere-se diretamente ao Instituto como tal e ele é visto como um patrimônio espiritual comum a todos os membros.

2. Espiritualidade da Congregação

Na Congregação dos Fráteres de Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia, especial atenção é dispensada à confiança na Divina Providência.
Dom Joannes Zwijsen cita freqüentemente, e com predileção, a figura de São Vicente de Paulo, que gostava de recordar que se deve “seguir passo a passo a adorável Providência Divina“, convencido de que “as coisas de Deus se fazem por si mesmas”.
Curiosa, neste contexto, é a proibição explícita do Fundador referente ao proselitismo. Diz Zwijsen: “uma vez que a Congregação é obra de Deus, sua preservação e crescimento devem ser colocados nas mãos de Deus. Por isso, deixem-se de lado recursos por demais humanos para conseguir novos membros e não se incite ninguém, direta ou indiretamente, a fazer parte da Congregação”.
Outra faceta da herança espiritual de Dom Joannes Zwijsen, que, na realidade, constitui o cerne do carisma da Congregação, é a misericórdia: abrir ternamente o coração às necessidades do próximo; ir ao encontro do irmão pobre e carente, movido por amor a Deus.
Na atual Regra lemos: “Jesus passou pelo mundo fazendo o bem. Entregou-se até o aniquilamento na paixão e morte. O dom que fez de si mesmo a Deus e aos homens não foi inútil. O servo não é maior do que seu Senhor. Isso exige, também de nossa parte, um amor total de nós mesmos servindo o próximo, um amor que não exclui ninguém, que tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Esta disponibilidade de cada instante comporta uma renúncia diária a nós mesmos, continuamente renovada. Guardamos com alegria a palavra sobre a bondade e misericórdia: ‘Tudo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos a mim o fizestes’ (Cf. Mt 25). É assim que esperamos corresponder, como Fráteres de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, à vocação recebida de Deus”.
A Encíclica de João Paulo II sobre a Misericórdia Divina (Encíclica de João Paulo II Dives in Misericórdia, 1980) convidou-nos a aprofundar este carisma, tentando traduzi-lo em gestos concretos.
Recordamos neste contexto a famosa exortação de São Vicente: “Amemos a Deus, meus irmãos, amemos a Deus, mas que seja à custa dos nossos braços, com o suor de nossos rostos. Muitas vezes, tantos atos de amor a Deus, atos de amor de complacência, de benevolência e outros afetos semelhantes, como também práticas interiores de um coração terno podem ser suspeitos, quando não se chega à prática do amor efetivo” (SV, XI, 40-41).
Há ainda uma terceira dimensão da nossa espiritualidade: o caráter marial da Congregação. Maria é aquela pessoa que conhece mais a fundo o mistério da misericórdia divina. Com razão, nós a veneramos como Mãe de Misericórdia e modelo de toda vida consagrada.
De fato, “através da participação escondida e, ao mesmo tempo, incomparável na missão messiânica de seu Filho, Maria foi chamada de modo especial para tornar próximo dos homens aquele amor que o Filho tinha vindo revelar: amor que encontra a mais concreta manifestação para com os que sofrem, os Pobres, os que estão privados da própria liberdade, os cegos, os oprimidos, os pecadores (João Paulo II, Dives in Misericordia, nº 61).
Por fim, os Fráteres de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, formam uma Congregação laical, valorizando o ser-irmão também numa perspectiva de solidariedade universal.

3. A Congregação no mundo
A Congregação subdivide-se em 3 Províncias: Holanda, Indonésia e Quênia e 5 Regiões: Bélgica, Estados Unidos, Namíbia, Brasil e Suriname. São 335 Fráteres ao todo.
O
s Fráteres trabalham nos mais variados campos apostólicos: universidades, colégios, escolas técnicas, institutos para deficientes visuais e auditivos, orfanatos, casa para menores abandonados, formação de seminaristas e religiosos, obras sociais, enfermagem, trabalhos pastorais tais como a catequese, lideranças jovens, cursos de conscientização cristã, comunidades eclesiais de base, formação de leigos, missões, promoção vocacional, etc.
Fiéis à herança histórica da Congregação, os Fráteres privilegiam atividades relacionadas com o trabalho educativo: a acompanhamento diversificado de jovens, especialmente de pobres e necessitados.

4. A Congregação no Brasil

A Congregação desenvolveu no Brasil duas obras significativas: o Colégio Pe. Eustáquio, em Belo Horizonte, MG, e o Retiro Vicente de Paulo, Centro Holístico de Espiritualidade Católica, em Igarapé. Em Coronel Fabriciano, MG, assumiu a direção e administração da FUCELFA (Fundação Comunitária Fabricianense), cuja obra central é a “Cidade do Menor” (cfr. Cristiano, Fráter Henrique, Congregação dos Fráteres de Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia, In Informativo São Vicente, A Família Vicentina no Brasil, Número especial, nov/dez de 1981 – Ano XV, pág. 37-39. Atualização de Fráter Adriano van den Berg – 2004).

Nenhum comentário: