Quando a realidade parece ficção é hora de fazer documentário!

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                                 Onde tudo começou...



Em 2017 celebra-se os 400 Anos da Espiritualidade e do Carisma Vicentino. Em 1617, dois acontecimentos marcaram a vida de São Vicente de Paulo. 

I) No início de janeiro de 1617, na pequena cidade de Folleville, na França, Vicente de Paulo, em contato com a realidade dos Pobres, percebe que eles estão abandonados. A missão de Folleville, além de marcar a data de nascimento da Congregação da Missão – Vicente de Paulo considerou o fato como sendo o primeiro “Sermão da Missão” – mostra o carisma sob o qual ele se deixará conduzir ao serviço dos Pobres. Em Folleville, ele entrega-se definitivamente ao evangelho de Jesus Cristo, à Igreja, à salvação, ao cuidado dos Pobres e à proclamação da misericórdia de Deus.

II) No final do mês de julho de 1617, Vicente de Paulo assume como pároco na pequena cidade de Châtillon-les-Dombes, também na França. Logo em seguida, no dia 23 de agosto de 1617, Vicente de Paulo reuniu-se com oito mulheres e propôs a criação de uma Associação para ajudar os Pobres, dado que, “por vezes, os Pobres sofrem mais por falta de organização do que por falta de pessoas que possam ajudá-los”.

A intuição partiu do que Vicente de Paulo percebeu. Demarcou limites de sua atuação: “Os Pobres passam fome e se condenam”.

a) “Os Pobres passam fome...”. Quando uma pessoa passa fome é preciso dar-lhe de comer. Nesse caso, não se pode esperar. Não é uma questão a resolver a médio ou longo prazo. É preciso agir de imediato e com urgência. Abriram-se lhe os olhos... Ele viu a extrema degradação do ser humano. Viu a tamanha falta de dignidade imputada a uma grande parcela daqueles que foram “criados à imagem e semelhança de Deus”. Não cria nada de novo além daquilo que Deus, desde todo o sempre, insistiu no seu Plano de Salvação e, fundamentando-se na Palavra de Deus, prioriza o essencial do Projeto de Deus que é a vivência do amor até às últimas consequências, a entrega àquilo que é a essência de Deus: a Caridade.

b) “Os Pobres se condenam...”. As pessoas, na época de Vicente de Paulo, não tinham acesso às mínimas possibilidades de conhecimento em quase todas as dimensões humanas. Socialmente dominadas, culturalmente ignoradas, canonicamente excluídas, religiosamente desprezadas... Os Pobres, naquela fase da história humana, nem eram considerados como pessoas humanas pelas elites e pelas classes dominantes, ou quanto muito, eram consideradas apenas como gente de segunda categoria... Vicente de Paulo percebe que era preciso “instruir o povo”, fazê-lo sabedor de sua dignidade, mudá-lo para patamares mais elevados enquanto ser humano e ensinar-lhes as verdades do Projeto de Deus.

Para celebrar o 400º Aniversário do nascimento do Carisma Vicentino, somos convidados a conhecer melhor a Espiritualidade Vicentina para poder fazer mais pelos mais Pobres. Como Família Vicentina sabemos que podemos fazer mais! Por isso, em unidade e configurados ao redor de um mesmo objetivo colaborativo para o bem dos Pobres, “Contra as pobrezas, agir juntos”.

Princípio do Vazio

 
Tens o hábito de juntar objetos inúteis, acreditando que um dia, (não sabes quando) vais necessitar deles?

Tens o hábito de juntar dinheiro sem gastá-lo, pois imagina que ele no futuro poderá faltar? 
Tens o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outras coisas que já não usas há muito tempo? E dentro de ti? Tens o hábito de guardar raivas, ressentimentos, tristezas, medos e outros sentimentos negativos? Não faças isso! Vai contra a tua prosperidade! 
É preciso deixar um espaço, um vazio para que novas coisas cheguem à tua vida.  É preciso se desfazer do inútil que há em ti e em tua vida para que a prosperidade possa acontecer. A força deste vazio é que atrairá e absorverá tudo o que desejas.
Se acumulares objetos e sentimentos velhos e inúteis, não terás espaço para novas oportunidades. Os bens necessitam circular. Limpe as gavetas, os armários, o depósito, a garagem… a MENTE… 
Doe tudo aquilo que já não usas… A atitude de guardar um monte de coisas inúteis só acorrenta a tua vida. 

Não são só os objetos guardados que paralisam tua vida. Eis o significado da atitude de guardar: quando se guarda, se considera a possibilidade de falta, de carência… Acredita-se que, amanhã, poderá faltar e que não haverá maneira de suprir as necessidades. 

Com esse pensamento, estás enviando duas mensagens ao teu cérebro e à tua vida: A de que não confias no amanhã; e que o novo e o melhor, NÃO são para ti… 

Por isso te alegras guardando coisas velhas e inúteis!
Até o que já perdeu a cor e o brilho…
Deixa entrar o novo em tua casa… E dentro de ti…”
Texto de Joseph Newton (1848-1912)
“Não se encolha nem recue
se for chamado(a) de ovelha negra,
de indisciplinado(a),
de lobo(a) solitário(a).

Quem tem a visão lenta diz que o rebelde é uma praga para a sociedade.

No entanto,
ficou provado com o passar dos séculos,
que ser diferente significa estar no limite,
significa ser,
é praticamente garantido que essa pessoa vá fazer uma contribuição original,
uma contribuição útil e espantosa à sua cultura.

Ao procurar conselhos,
jamais dê ouvidos aos tímidos de coração.
Seja gentil com eles,
cumule-os de bênçãos,
tente incentivá-los,
mas nunca siga seus conselhos.

Se você alguma vez foi chamado(a) de desafiador(a),
incorrigível, esperto(a), insubmisso(a), indisciplinado(a), rebelde,
você está no caminho certo...” (Clarissa Pinkola Estés).

É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
Pablo Neruda

O Bicho

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”.
(Manuel Bandeira)

Deixe algumas coisas de lado... e comece a ter outras atitudes!!!

"Deixe de se contentar com pouco; tome contato com a sua própria bondade; comece a valorizar o dom da vida com a maior gratidão; possa compreender que, em qualquer circunstância, você está no lugar certo, na hora certa - então, poderá relaxar; consiga moderar seu ritmo e sua pressa - isso fará uma enorme diferença na sua vida; aprenda a gostar de estar só, rodeado pelo silêncio, usufruindo sua magia, prestando atenção ao seu espaço interior; perceba que pode não ser uma pessoa especial, mas que é única; reformule seu conceito de sucesso - a vida ficará mais simples e trará muito prazer; entenda que é digno de conhecer Deus diretamente; deixe de achar que a vida é dura; possa perceber que o sofrimento emocional é um sinal de que está indo contra a sua verdade; aprenda a satisfazer seus desejos, sem achar que é egoísmo; perceba que os desejos do coração acabam se realizando - passará a ter mais calma e paciência; desista de de ignorar ou de suportar seu sofrimento; encha seu coração com muita ternura para que possa acolher tanto a alegria quanto a tristeza; comece a rezar diariamente - descobrirá que este é um ato de profundo amor por você mesmo; passe a sentir como um presente para o universo; deixe de precisar das coisas e das pessoas para se sentir seguro; pare de desejar que a sua vida fosse diferente - verá que tudo o que acontece contribui para o seu crescimento; perceba uma presença divina dentro de você e ouça Sua orientação; pare de se culpar pelas escolhas que faz e passe a se responsabilizar por elas; perceba como é ofensivo tentar forçar alguma coisa ou alguém que ainda não está preparado - inclusive você mesmo; passe a aceitar o inaceitável; se livre de tudo que não for saudável: pessoas, tarefas, crenças e hábitos, qualquer coisa que te puxe pra baixo - sua razão pode chamar de egoísmo, mas isso é amor-próprio; deixe o perfeccionismo de lado - esse carrasco da alegria; perceba como a vida é divertida, como você é divertido e como,os outros podem ser divertidos; desista de ficar revivendo o passado e de se preocupar com o futuro - isso o manterá no presente, que é onde a vida acontece; e perceba Deus dentro de você e veja Deus nos outros - isso nos torna divinos!".

Encerrando ciclos...

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final... Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no pas-sado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente me-ninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e, o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, por-tanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.

Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacida-de, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de espera-res que ele veja quem tu és.. lembra-te: “Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”. (Fernando Pessoa)

Poema

Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes

Toda a nossa obra consiste na ação!

“Amemos a Deus, meus irmãos, amemos a Deus, mas que isto seja à custa dos nossos braços, que isto seja com o suor dos nossos rostos.

Porque, muito seguidamente, tantos atos de amor a Deus de complacência, de benevolência e outros afetos semelhantes e práticas interiores de um coração terno, posto que muito bons, são no entanto muito suspeitos, quando não se chega à prática do amor efetivo. Nisto meu Pai será glorificado, diz Nosso senhor, se produzirdes muitos frutos” (Jo 15, 8).

E é com isso que devemos ter muito cuidado, porque há vários que, para ter um exterior bem composto e um interior cheio de grandes sentimentos de Deus, detêm-se nisto e quando se chega aos fatos e se encontram na ocasião de agir, esquecem tudo.

Eles se vangloriam de sua imaginação exaltada, contentam-se com suaves colóquios que têm com Deus na oração, falam mesmo disso como anjos, mas no sair dali, quando é questão de trabalhar para Deus, de sofrer, de se mortificar, de instruir os Pobres, de ir procurar a ovelha desgarrada, de gostar que lhes falte qualquer coisa, de aceitar as doenças ou qualquer outra desgraça, ai! Não há mais ninguém, a coragem lhes falta.

Não! Não nos enganemos! Toda a nossa obra consiste na ação”. (Vicente de Paulo)

Não é comigo...

Maiakovski - Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX:

Na primeira noite, eles se aproximam e
colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

Depois de Maiakovski…

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)


Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...
Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.

Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,

Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007

Cora Coralina

Não sei... Se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocarmos o coração das Pessoas!

Muitas vezes, basta ser:
colo que acolhe,

braço que envolve,
palavra que conforta,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
Amor que promove!


 E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja
nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira e pura...
enquanto durar.
(Cora Coralina, 1889-1985)

"Deixar Deus por Deus" - "Quitter Dieu pour Dieu"

É o serviço holístico em favor da pessoa humana que é Pobre.
Vicente de Paulo é um místico da ação. Expressou que a Espiritualidade Cristã deve ser manifestada no compromisso para com o Pobre: "Deixar Deus por Deus".

Dez Mandamentos do Projeto de Deus


01. Amarás ao Deus da Vida com único e libertador.

02. Construirás permanentemente a Sociedade Igualitária como única forma de gerar Vida e Liberdade para todos.
03. Cultivarás de geração em geração, a certeza de que é a partir dos Pobres que se resgata a Vida em abundância para todos.
04. Formarás Comunidades à luz da Palavra de Deus, fiéis à oração, à prática da partilha e à solidariedade.
05. Respeitarás a individualidade de cada pessoa, seu credo, sua história e sua cultura.
06. Denunciarás todas as formas de exclusão, injustiça e agressão à Vida.
07.
Respeitarás a natureza como primeira linguagem da revelação de Deus.
08. Construirás uma relação de igualdade entre homens e mulheres, rejeitando qualquer tido de discriminação.
09. Cultivarás a memória dos mártires que tombaram na caminhada de luta pela Libertação.
10. Continuarás a formação do Povo de Deus, iniciada pelo pai Abraão, assumida pelos profetas, por Jesus Cristo e seus seguidores.

Falar de paradigma...

Paradigma significa um modelo, algo que serve como parâmetro, seria como que um farol ou estrutura considerada ideal e digna de ser seguida.



Paradigma é percepção geral e comum, não necessariamente a melhor, de se ver determinada coisa, seja um objeto, seja um fenômeno, seja um conjunto de idéias.

Quando um paradigma é aceito se torna critério de verdade, validação e reconhecimento.

Paradigma são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida.

Nossos paradigmas podem ser valiosos e até salvar vidas quando usados adequadamente.

Mas podem tornar perigosos se os tornamos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem as novas informações e as mudanças que acontecem no correr da vida.

Agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode nos deixar paralisados enquanto o mundo passa por nós.

As vezes não vemos o mundo como ele é, mas como nós somos.

Velhos paradigmas do mundo:
O mundo é plano
O Sol gira em torno da terra
A salvação virá se você for uma boa pessoa
As mulheres não podem votar
Os negros são inferiores
As monarquias devem governar as pessoas
Cabelos longos e brincos são somente para as mulheres.


Novas idéias e maneiras de fazer as coisas estarão sempre sendo desafiadas, e até rotuladas como heréticas, coisas do diabo, coisas de comunistas...


Desafiar novos caminhos requer muito esforço, mas acomodar-se nos paradigmas ultrapassados, também.

O mundo está mudando tão rapidamente que podemos ficar paralisados se não desafiarmos nossas crenças e paradigmas.

A mudança nos desinstala, nos tira da nossa zona de conforto e nos força a fazer coisas de modo diferente, o que é difícil.

Quando nossas idéias são desafiadas, somos forçados a repensar nossa posição, e isso é sempre desconfortável.

É por isso que, em vez de refletir sobre seus comportamentos e enfrentar a árdua tarefa de mudar seus paradigmas, muitos se contentam em permanecer para sempre paralisados em seus pequenos trilhos.
Velhos paradigmas
x

Novos paradigmas


Invencibilidade dos EUA x Concorrência global
Administração centralizada x Administração descentralizada
Japão = produtos de má qualidade x Japão = produtos de boa qualidade
Gerenciamento x Liderança
Eu penso x Causa efeito
Apegado a um modelo x Melhoria contínua
Lucro a curto prazo x Lucro a curto e longo prazos
Trabalho x Sócios
Evitar e temer mudanças x A mudança é uma constante
Está razoável x Defeito zero
Estilo piramidal de administração x Administração participativa
Líder é o que tem poder x Líder é o que serve

Os Pobres



(Carlos Drummont de Andrade)


Domingo. Tarde. Consócio da Matriz.
Luz escassa no adro verde.
Comprida toalha vermelho-vinho
amacia a mesa das deliberações.

Ao derradeiro raio de sol
Bailam crepúsculo no ar.
A Conferência Vicentina
considera a vida dos Pobres.

O pai não veio desta vez.
Mandou-me em seu lugar.
Sou grande, já não sou menino estabanado
ao cuidar da vida dos Pobres.


Mas que sei da vida dos Pobres
senão que vivem: sempre, sempre
Como a água, a pedra, o costume?
Se São Vicente manda ver
no rosto deles o Cristo,
o que vejo é comum pobreza
resignada, consentida,
tão natural como sinal na pele.

Estendo a mão com gravidade
Na hora de contribuir.
Não é meu dinheiro? É meu gesto.
Não salvo o mundo. Mas me salvo.

Mitos da opressão







No mundo, os opressores têm sede de conquista. Para isso, usam formas de dominação por vezes repressivas ou formas sutis, como o paternalismo.
Os poderosos deste mundo tentam matar a capacidade de
admiração das pessoas e, como não conseguem em termos totais, é preciso, então, mitificar o mundo.
Criam mitos que são representações exageradas da realidade pela imaginação popular e tomadas como modelo.
Colocam, então, muitos mitos para apresentar aos oprimidos e aos Pobres um falso mundo.
Essa falsa visão do mundo faz com que os Pobres sejam uma massa de expectadores, uma massa passiva, alienada. Quais os mitos mais freqüentes usados na dominação e destruição do Pobre?
“O mito de que a ordem opressora é uma ordem de liberdade.
O mito de que todos são livres para trabalhar onde queiram.
O mito de que se não lhes agrada o patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego.
O mito de que esta “ordem” (neo-liberal) respeita os direitos da pessoa humana e que, portanto, é digna de se lutar por ela, defendê-la e ajudar para que os grupos de resistência sejam destruídos.
O mito de que todos, bastando não ser preguiçoso, podem chegar a ser empresários.
O mito de que o homem que vende, pelas ruas, gritando: “doce de banana e goiabada” ou “olha a pamonha” é um empresário tal qual o dono de uma grande fábrica.
O mito de direto de todos à educação.
O mito da igualdade de classe: “sabe com quem está falando?”
O mito do heroísmo das classes opressoras como aquela que mantém essa “civilização ocidental e cristã”.
O mito da caridade da classe opressora – eles só fazem assistencialismo. É uma falsa ajuda.
O mito de que as elites dominadoras, “no reconhecimento de seus deveres” são as promotoras do povo, devendo este, num gesto de gratidão, aceitar a sua palavra e conformar-se com ela.
O mito de que a rebelião do povo é um pecado contra Deus.
O mito da propriedade privada, como fundamento do desenvolvimento da pessoa humana.
O mito da operosidade dos opressores e a preguiça e desonestidade dos oprimidos.
O mito da inferioridade do Pobre e da superioridade do rico e opressor.
Por isso julgamos necessária, e muito necessária, a conscientização através de uma formação sólida e sistemática. Formação de lideranças para poder conduzir o povo...
Necessidade da inculturação, compreensão da antropologia do Pobre, conhecimento da realidade”.
(Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido)

Religião

“A religião é um conjunto de estratégias contra a morte e o recurso a “Deus” é seu fundamento, a peça homeopática e alopática, alternadamente e, às vezes, tudo ao mesmo tempo”.
(Iubien Eboussi Boulaga)

EMPOWERMENT

Empowerment constitui um termo de difícil tradução para nós. Alguns o traduzem como empoderamento, outros como aumento da autonomia.

O termo original do inglês possui um caráter multifacetário, propondo o sentido de “aumento de poder e autonomia pessoal e coletiva de indivíduos e grupos sociais nas relações inter-pessoais e institucionais, principalmente daqueles submetidos a relações de opressão, discriminação e dominação social.
O conceito de empowerment pode definir-se como o processo graças ao qual se reconhece em alguém o poder de desenvolver-se a partir de seus próprios recursos e situações, para conseguir ser o autor de toda ação de mudança pessoal e social.
É um processo do qual se deseja aumentar a liberdade de escolher, de agir, de tomar decisões, especialmente todas as que afetam a vida.
Para chegar a isso, é preciso liberar o poder interno de cada pessoa, ou seja, liberar o conhecimento, a experiência, as motivações, os recursos que cada um possui em si mesmo. Isto implica dar poder a todos os que participam do processo de desenvolvimento.
O processo de empowerment é uma ferramenta de formação e de trabalho que pode convir à relação pessoal entre as pessoas voluntárias que trabalham num dado projeto e os destinatários. O empowerment permite reequilibrar o poder na relação com o outro.
(Eduardo Mourão vasconcelos)