Quando a realidade parece ficção é hora de fazer documentário!

Mitos da opressão







No mundo, os opressores têm sede de conquista. Para isso, usam formas de dominação por vezes repressivas ou formas sutis, como o paternalismo.
Os poderosos deste mundo tentam matar a capacidade de
admiração das pessoas e, como não conseguem em termos totais, é preciso, então, mitificar o mundo.
Criam mitos que são representações exageradas da realidade pela imaginação popular e tomadas como modelo.
Colocam, então, muitos mitos para apresentar aos oprimidos e aos Pobres um falso mundo.
Essa falsa visão do mundo faz com que os Pobres sejam uma massa de expectadores, uma massa passiva, alienada. Quais os mitos mais freqüentes usados na dominação e destruição do Pobre?
“O mito de que a ordem opressora é uma ordem de liberdade.
O mito de que todos são livres para trabalhar onde queiram.
O mito de que se não lhes agrada o patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego.
O mito de que esta “ordem” (neo-liberal) respeita os direitos da pessoa humana e que, portanto, é digna de se lutar por ela, defendê-la e ajudar para que os grupos de resistência sejam destruídos.
O mito de que todos, bastando não ser preguiçoso, podem chegar a ser empresários.
O mito de que o homem que vende, pelas ruas, gritando: “doce de banana e goiabada” ou “olha a pamonha” é um empresário tal qual o dono de uma grande fábrica.
O mito de direto de todos à educação.
O mito da igualdade de classe: “sabe com quem está falando?”
O mito do heroísmo das classes opressoras como aquela que mantém essa “civilização ocidental e cristã”.
O mito da caridade da classe opressora – eles só fazem assistencialismo. É uma falsa ajuda.
O mito de que as elites dominadoras, “no reconhecimento de seus deveres” são as promotoras do povo, devendo este, num gesto de gratidão, aceitar a sua palavra e conformar-se com ela.
O mito de que a rebelião do povo é um pecado contra Deus.
O mito da propriedade privada, como fundamento do desenvolvimento da pessoa humana.
O mito da operosidade dos opressores e a preguiça e desonestidade dos oprimidos.
O mito da inferioridade do Pobre e da superioridade do rico e opressor.
Por isso julgamos necessária, e muito necessária, a conscientização através de uma formação sólida e sistemática. Formação de lideranças para poder conduzir o povo...
Necessidade da inculturação, compreensão da antropologia do Pobre, conhecimento da realidade”.
(Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido)

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